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Caneta - Um Improvisador do Raminho

Texto: Liduíno Borba

Escritos sobre os nossos improvisadores sempre existiram. Numas épocas com mais destaque e noutras com menos.

Nos anos 80, do século passado, o casal Turlu e Charrua incendiaram as paixões pelas cantorias, levando aos terreiros e sociedades recreativas multidões que há anos não eram vistas. Nessa mesma década, Borges Martins publica o livro “Improvisadores da Ilha Terceira, suas vidas e cantorias”, que veio completar um excelente trabalho iniciado por este escritor uns anos antes.

Com a morte da Turlu, em 1987, e do Charrua, em 1991, assistimos a um período mais “morno” no que às cantorias diz respeito.

Em 2008 saíram duas publicações (sem saberem uma da outra): João Ângelo – O Mestre das Cantorias, editado pela BLU, em abril de 2008; e Turlu e Charrua – Confidências, editado por Mário Pereira da Costa, em Junho do mesmo ano.

Parece que foi um despertar de consciências para o gosto pelos versos e cantigas de improviso.

Seguiram-se livros como “David Fagundes – Versos Duma Vida”, “Adelino Toledo – Uma Voz na Diáspora”, “Charrua 1910 – 2010”, “4 Ribeiras em Rimas & Cores”, de Jorge Rocha, dois livros de Hélio Costa, e por último “Caneta de tinta permanente na poesia popular”, de Álamo Oliveira.

No meio de tudo isto aparecem, pelo menos, quatro novos cantadores de improviso: Maria Clara, António Isidro, Bruno Oliveira e Fábio Ourique. Vieram despertar um grande interesse nas cantigas ao desafio como não acontecia há décadas. O impulso do amigo José Santos, Presidente da Associação de Cantadores ao Desafio dos Açores, ao criar o Retiro dos Cantadores e Tocadores, na Terceira, também contribuiu para que novos valores subissem ao palco.

Como escrevia, o último livro sobre improvisadores foi “Caneta…”, da autoria do conceituado escritor terceirense Álamo Oliveira, edição do autor, com apoio da Junta de Freguesia do Raminho e familiares do biografado Manuel Caneta.

É um livro de 148 páginas, a preto e branco, formato 145 x 215, onde é feita uma rica descrição da vida de um dos vultos do improviso terceirense, muito bem acompanhada de um enquadramento histórico dos acontecimentos, bem como várias e expressivas fotografias da família e do próprio.

Muitas frases do texto de Álamo Oliveira me chamaram à atenção, mas destacaria duas: «É que cantar ao desafio requer talento, conhecimento e poder criativo, mas requer também traquejo continuado bem como compreensão e ajuda do companheiro-adversário.», página 18, e «Num desafio, onde o tempo para pensar corresponde exatamente ao tempo de revelar o que se pensa, …», página 49. A primeira por definir sucintamente o que é um improvisador, e, a segunda, por ser tão evidente mas nunca a vi escrita em lado nenhum.

Álamo Oliveira deixa o seu contributo para que mais um dos nossos valores na arte das cantorias não seja esquecido. Outros seria preciso lembrar da mesma forma.

O livro “Caneta…” foi lançado na ilha Terceira com sucesso. Esse sucesso foi extensivo às nossas comunidades de emigrantes, onde uma comitiva composta por Álamo Oliveira, o autor, José Eliseu, improvisador, Marcelo Caneta improvisador e neto do Caneta, Manuel Caneta, filho do biografado, e o Presidente da Junta de Freguesia do Raminho, se deslocou. A viagem começou pelo Canadá, onde o livro foi apresentado na Casa dos Açores de Toronto e num Restaurante em Montreal. Na Califórnia a apresentação foi efectuada em São José, no Portuguese Atletic Club, em Hilmar, na Casa dos Açores, em Tulare, no Tulare Angrense, e em Artesia, no DES. Em todos os lugares a receção foi excecional e os livros não chegaram “para as encomendas…”

Na Califórnia, Caneta foi lembrado por uns poucos, que nos anos 50 o viram cantar, nomeadamente em Gustine, pela mão de Luís Meneses, entusiasta das cantorias, e que foi Presidente da Festa do Espírito Santo de Gustine em 1946 e 1965.

Que venham mais destes…

Nota: Fotografia propriedade de Lloyd Vierra, de Gustine: Caneta, Vigairinho, Ferreirinha, Luís Meneses e Vital.

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